"E
mais uma vez eu imagino você aqui. Quanta loucura. Você anda de
passagem sempre por aqui, pela minha casa, pelos meus pensamentos.
Visita-me mais que o carteiro, mais que a minha tia que traz bolos e
guloseimas toda semana. Visita-me mais do que qualquer um, e no fundo,
você nem sabe. E quando você chega por aqui eu vou fazer minha
especialidade – pipoca – para assistir aquela comédia romântica que
tanto amo e imaginar eu e você nos personagens. Mas você não me dá
chance nem de ligar a tevê. Já está nos meus pensamentos desde o
acordar. Não sai de lá. E eu vou mexendo na panela e é como se você
estivesse atrás de mim, beijando o meu pescoço, me deixando louco. Aí
fico arrepiado e viro bruscamente e você já puxa meu cabelo e me lasca
um beijo. Tão velozmente, tão rapidamente. Meu coração palpita, meu
coração grita. Você pega a pipoca e eu fico com o dedo na boca te
observando. Juntos, levamos a pipoca pra sala. E eu volto pra cozinha,
desta vez para fazer brigadeiro. Você
não me deixa em paz, me perturba demais. E eu incapaz de te evitar,
imagino você aqui. Termino logo esse brigadeiro que você tanto ama. Você
lambe a colher como se estivesse em um comercial de televisão seduzindo
os telespectadores e faz aquela cara tímida e safada que eu adoro. A
gente vai pra sala, ver logo esse filme. Enquanto rola o filme trocamos
várias caricias. Você passa a pipoca no brigadeiro e eu em seguida tusso
com risos para dizer o quanto estranho é seu gosto doce e salgado
misturado. Logo você ri e passa brigadeiro no meu nariz. Eu vou limpar e
você me suja mais e mais. Tudo termina com sua boca colada na minha
limpando a besteira que você havia feito. Você vai embora logo depois e
meu coração dói ao te ver partir. Vou dormir e abraço o travesseiro, o
ursinho e o que tiver direito. Todos os objetos me fazem lembrar, pensar
e querer você aqui. E agora que você já deve estar longe, me pego
cochilando, sonhando e vou dormir. Acordo e um enorme suspiro sai de
mim. Cochicho comigo mesmo, baixinho: “Que noite perfeita, só falta você
saber que eu existo para finalmente ver se isso tudo se torna real”."
(Pedro Smarth)
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