No final, tudo se ajeita. Aquela pessoa que
você disse que nunca esqueceria acaba sendo esquecida. O ódio que você
sentia por alguém acaba cedendo e dando lugar à indiferença. A saudade
cede e dá lugar as lembranças. A dor cessa e a ferida cicatriza. No
final, a gente sempre se adapta a qualquer situação, por pior que seja.
Porque é a única chance que temos de viver, de seguir em frente. De
conseguir levantar depois da queda. Mas
se adaptar também pode levar ao comodismo. Por se habituar tanto a uma
situação rotineira, é difícil levantar e dizer "CANSEI DESSA MERDA!".
Porque acredite, depois de dizer isso, nada mais será igual. E é isso
que as pessoas não querem: o caminho mais difícil. Mesmo que esse
caminho leve a algo melhor. Eu não sei o que é melhor. Eu só sei que eu
vou viver. Porque essa é a única coisa que não podemos evitar. Ou você
assume o controle da sua vida e vive, mesmo que se arrastando, ou alguém
vai lá e assume a sua vida por você.
"Se tá comigo, tem que ser por inteiro, sem
pedacinho na ex ou no rolo com a vizinha. Se tá de mão dada comigo, tem
que usar a outra mão pra me segurar pela cintura e não pra segurar o
telefone da amiguinha que dá sinal verde. Não quero dividir, não quero
alguém que seja nosso ao invés de meu. E não tô sendo possessiva, muito
menos egoísta. Só tô praticando o bendito do amor próprio com todas as
letras. "
"Existem coisas pelas qual devemos esperar, outra que devemos correr atrás, e outras que nem vale a pena perder tempo."
"Chega de me enlouquecer, me virar do avesso e
ir embora, sem data pra voltar. Chega de dar sequência na tua vida e
deixar a minha pausada, caso você se canse dos seus romances baratos.
Dei o Play e acabaram suas vidas nesse jogo faz tempo. Game over pra
você, seu egoísmo e sua imaturidade. Sem direito a recomeçar, tô feliz e
ocupada por tempo indeterminado com jogador novo. E melhor"
A gente se gostava, tava estampado na nossa
cara, não tinha o que questionar. Mas não era o suficiente, a gente até
tentava. Um se segurava no outro e mergulhava junto, mas um dos dois
sempre acabava perdendo o fôlego – nunca conseguimos chegar do
outro
lado. Parei de tentar entender, tem coisas que não são pra ser daquele
jeito e fim, não adianta quebrar a cabeça pensando num jeito de fazer
dar certo e no porque não dá. A gente
brigava, se odiava e por vezes rolava aquelas juras e promessas de
''nunca mais''. O nosso nunca, nunca durava muito. O ódio voltava a ser
amor e a briga virava beijo apaixonado. Um ciclo doido e vicioso, duas
pessoas presas sem nenhuma corrente – e ainda assim não dava pra se
soltar. Complexo demais e finalmente se tornou demais pra mim. Cansei.
Esgotei. Não dava mais pra ficar caindo do céu direto pro inferno o
tempo todo – queria ficar na terra pelo menos uma vez. Entre a glória e a
maldição eterna, eu tava preferindo uns pecadinhos simples de pessoas
simples, dá pra entender? Simples, eu tava com saudade de ser assim. Eu
tava com saudade de ligar pra alguém sem me preocupar se hoje era o dia
do anjo ou do diabinho atender – mesmo que eu amasse esses dois lados.
Mesmo que eu o amasse por inteiro, eu precisava de um tempo pra
conseguir ser inteira comigo. A gente lutava demais, eram batalhas
infinitas e nunca tinha um vencedor – mas o coração sempre acabava
perdendo. Pedi trégua, levantei a bandeira branca e deixei um recadinho
na porta pra ele ver: ''vou te esperar aqui na terra enquanto der pra
esperar, vê se não demora, vê se não me perde.''
Teca Florencio.
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