“Se meu coração não se emociona mais com a
presença dele, fiquei me perguntando o que eu estava fazendo ali.Se não
sonho mais, não planejo mais, não desejo mais, não espero mais nada, o
que eu estava fazendo ali?Não te amo mais, queria dizer a ele, pela
primeira vez, sem esperar que ele sofresse com isso. Sempre quis que ele
sofresse com esse dia. Mas justamente porque eu não o amo mais, nem
quero mais que ele sofra. Aliás, não
quero mais nada. Só ir embora.Claro que sobrou um carinho, uma amizade,
uma graça. Mas tudo aquilo que era gigantesco, tudo aquilo que parecia
ser maior do que eu mesma, que me soterrava, que me transportava pra
outra realidade…tinha acabado. Então, por quê? Quero namorar esse homem?
Não. Quero casar, ter filhos, envelhecer ao lado dele? Não mais. Nunca
mais. Quero dormir com ele, ainda que daquele jeito errado em que minha
solidão procura um abraço e a solidão dele procura sei lá eu o quê? Não.
Quero reviver uma memória pra me sentir viva, emprestar uma alegria
pura do passado? Não, tô fora de continuar sempre no mesmo lugar, me
roubando minhas próprias histórias.Quero lamentar a falta de um beijo
inteiro, um abraço de verdade, um carinho sem medo e uma atenção
entregue sem nenhum egoísmo? Não. Não quero mais mudar ou fantasiar
ninguém. Deixa o mundo ser como é. Deixa ele ser como ele é.”
— Tati Bernardi
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