“Horas
iguais me dão arrepios na espinha. É confortante e ao mesmo tempo
terrível cada vez que o relógio marca os mesmos números. Me sinto
escravo de uma crença que talvez nem seja verdade, algo inventado para
alimentar o imaginário humano. Mas de alguma forma, parte disso tudo
esta sendo feito corretamente, porque números iguais me lembram você,
mas eu não preciso de um relógio pra lembrar o que sinto ou saber que
você existe e pode, em uma porcentagem muito remota, estar pensando em
mim também. Quem ama não precisa de pretexto, lembrete ou horas iguais.
Quem ama lembra quando está feliz ou triste, no sol ou na chuva. Lembra
porque escutou sua música preferida ou viu alguém com o cabelo parecido
com o da pessoa. Quem ama não esquece. Quando se trata do amor, não
existe tempo, não existe razão. Quem ama não deixa qualquer um virar o
protagonista da sua história. Quem ama lembra da pessoa amada em cada
suspiro, em cada noite de insônia. Na verdade,
a falta de sono é porque fica difícil dormir quando ela está ocupando
sua mente. Quem ama não tem medo, não fica esperando que os outros
cheguem e passem a mão na cabeça depois que tudo parece desmoronar. Quem
ama guardaria seus próprios problemas no bolso só pra escutar os da
pessoa amada. Ah, o amor, tão clichê, mas é o grande clichê que nos
define. Tal coisa que não existe explicação, nem ao menos se sabe como o
amor vem. Quem ama nunca esquece, quem ama cuida e ajuda, assim como
estou fazendo. Podemos não estar perto, mas de longe eu me preocupo, me
sinto triste quando você me diz que esta triste, e é assim que vamos
vivendo. Eu aqui, pensando em você e escutando o tique-taque do relógio,
e você aí, fazendo o que quer que seja sem mim, com a sua cabeça em
qualquer coisa que não seja eu. Espero que uma hora ou outra nossas
mentes se cruzem e você se de conta de que não preciso de horas iguais
pra querer você aqui do meu lado.”
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