Porque
quando fecho os olhos, é você quem eu vejo; aos lados, em cima,
embaixo, por fora e por dentro de mim. É você quem sorri, morde o lábio,
fala grosso, conta histórias, me tira do sério, faz ares de palhaço,
pinta segredos, ilumina o corredor por onde passo todos os dias. É agora
que quero dividir maçãs, achar o fim do arco-íris, pisar sobre estrelas
e acordar serena. É para já que preciso contar as descobertas, alisar
seu peito, preparar uma massa, sentir seus cílios. Não quero saber de
medo, paciência, tempo que vai chegar. Não negue, apareça. Seja forte.
Porque é preciso coragem para me arriscar num futuro incerto. Não posso
esperar. Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que só sabe viver
presentes. Sem esperas, sem amarras, sem receios, sem cobertas, sem
sentido, sem passados. É preciso que você venha nesse exato momento.
Abandone os antes. Chame do que quiser. Mas venha. Quero dividir meus
erros, loucuras, beijos e chocolates. Apague minhas interrogações.
- Caio Fernando de Abreu.
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