Acho que era o jeito de se portar, os
maus modos ou aquela incapacidade de ser alguém normal. Depois achei que
poderia ser porque ele gostava das mesmas coisas que eu ou porque sua
cabeça inclinava para trás toda vez que ria. Tinha cara de gente com
cheiro bom. E tinha mesmo. Ele era o tipo daquelas pessoas que passam o
perfume para a tua roupa e o cheiro fica morando no teu olfato, na tua
mente, balançando por dias da semana, fazendo tu sorrires sem querer. E
falando em risada, até hoje eu escuto o som daquela gargalhada nas
minhas madrugadas suadas de susto. Ria por tudo, ria de nossas brigas,
ria porque amava viver. Até tive que ir em uma mulher que prometia
esquecer a pessoa amada em uma semana, mas aí eu lembrei que não
funcionava, porque fazer promessas, na verdade, ninguém pode; ninguém
deve.
Foram
meses de pipoca no tapete do quarto, roupas que não eram minhas no
guarda-roupa, toalha de mesa manchada de café e uns papéis amarelos
colados pelo apartamento inteiro com frases do Gabito. Demorei um tempo
para perceber que milagres e coincidências são para pessoas que fazem as
coisas acontecerem, não para as que as esperam. Tive que entender que,
às vezes, vai vir alguém que irá dar entender que ela veio pra ficar e
não ir embora no meio da noite, dizendo que trabalha cedo no dia
seguinte. Vocês irão rir por semanas, fazer sexo em cima da máquina de
lavar no modo centrifugação, viajar para o país vizinho, comer pudim
feito feijão, pedalar juntos no frio de poncho, comer pizza até a
barriga dar olá, assistir mil vezes 500 Days Of Summer enquanto se amam
e, mesmo assim, não vão ficar juntos, não vai dar certo. Não deu. Pelo
menos, não agora.
#GuiPintto
Nenhum comentário:
Postar um comentário