quinta-feira, 19 de junho de 2014

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"...e que o ciúme é o perfume do amor.", ouvi essa música umas dez vezes essa madrugada. Ela toda é incrível, mas esse trecho... esse trecho é especial. É interessante pensar como, quando na cama, dividindo-a, sempre levamos em conta o odor, o cheiro. Para além do perfume.
Há algum tempo li algo sobre o nosso, não tão recente, passado. Sobre como, ao virarmos humanos, passando do funcionamento instintivo do animal, claramente ligado ao olfato, para o funcionamento pulsional, do qual o modelo é a visão, perdemos parte da sensibilidade aos odores. Indo além, é de se questionar de onde vem esse desejo de des-odorizar o corpo do homem, com fragrâncias das mais diversas. Do que o homem tem medo de se a ver quando se perfuma? O que ele esconde? O que a cultura ensinou ele a esconder? Freud diria que este é um procedimento a fim de não permitir um reencontro com aquilo que há de mais visceral no homem. Algo que, de alguma forma, tememos.
E o amor, porque o perfumamos com ciúme? Há quem diga que o ciúme é uma forma de se demonstrar afeto, amor. Outros vão completamente contra essa opinião. Cada um ama a sua forma, isso não precisa ser discutido, mas... o que será que o homem vela, com seus tons de ciúmes, sempre que, de alguma forma, deixa-o escapar? Do que se esconde? De quem se esconde? Por que se esconde?

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